quarta-feira, 23 de maio de 2012

Fome

Você pode nunca saber o que isso significa. A culpa não é dos olhos. A culpa é da mente. Ela pode não se adaptar bem à culpa, e por isso está tão impaciente. É como se tivesse um buraco negro dentro de você. E aí você tenta preencher e ele suga. Tudo aquilo era pra te deixar cheio até a boca. E aí você tenta preencher mais, mais e mais. E ele suga. Ele te suga. Ela devia saber que não há como preencher aquele vazio daquela forma. Como se sente agora? Vazia e adormecida, eu suponho. Ela chora, e pensa como foi errado o que fez. E aos seus olhos não há nada de errado. É tudo tão normal. Mas ela chora, e pensa que nunca vai se perdoar por isso. A culpa é dela. Não há coisa pior do que aquela sensação. E ela tenta se livrar daquela pressão que a faz pensar que irá se rasgar inteira. Ela não pensa mais no que está fazendo. E isso tudo é tão errado. No fundo, ela sabe que está errado. E isso tudo está tão errado. Mas não há outro jeito que não seja esse. Ela consegue voltar a rotina, escassa e vazia, mas sabe que um dia próximo aquela perturbação irá voltar. A mente dela trabalha o tempo inteiro, até parecer que vai dar nó. E ela pensa o tempo todo em como está presa nas próprias imposições. Suas conclusões de que tudo aquilo não pode mais ser apreciado. Ela quer ser leve, mas sua alma pesa de tão vazia e a puxa cada vez mais para baixo. Você pode nunca saber o que isso significa. Mas a culpa não é dos olhos. A culpa é da mente. Ela quer que percebam que há algo de errado. E existe algo errado, e isso já faz tanto tempo... Você acha mesmo que vão te perceber? Ela sabe que nunca vão notar. Mas não importa. E é como se ela tivesse um buraco negro dentro de si. Que suga tudo, até não sobrar mais nada.

Por May Kivilaakso

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