segunda-feira, 25 de março de 2013

Eu sou como um vaso de flores, porém quebrado, daqueles cuja terra suja só fazia germinar pequenas flores murchas. Não sei dizer ao certo quem me quebrou, se foram meus pais com seus gritos e preocupações, meus professores com suas desaprovações ou mesmo aqueles que eu queria que fossem meus amigos, mas não o foram. Depois de alguns anos com os meus pedaços pelo chão, alguns artesãos disseram a minha mãe que poderiam consertar-me, que colariam meus  pedaços, adubariam minha terra e então plantariam flores tão belas que ninguém jamais imaginaria em quantos pedaços eu havia sido quebrada. Eles me consertaram sem ao menos perguntar se eu queria que o fizessem. As novas mudas que plantaram nunca cresceram, então decidiram utilizar flores artificiais, bem como sorrisos e sonhos também artificiais. Fui recriada em meio a frases decoradas e promessas vazias, assim eu era o perfeito disfarce de garota normal. Alguns anos se passaram e os pedaços começaram a descolar. A medida que um a um voltava para o chão eu me sentia mais leve, eu me reencontrava. Ninguém viu meus pedaços caindo, eu estava em volta de uma embalagem bonita e coberta de flores com cheiro de plástico, eu era uma mentira agradável e é só isso que podiam ver. É a única coisa que eles ainda veem.

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